Já passaram alguns dias, mas não resisto voltar à entrevista concedida na passada semana à RTP1 pelo líder do maior partido da oposição.
Foi, de facto, um momento surreal de televisão, e um momento irreal de política.
O feito de PPC naquela entrevista é verdadeiramente notável! Conseguiu estar uma entrevista inteira sem concretizar uma única ideia e uma única proposta para o País. E isto, apesar do esforço inglório da entrevistadora, Judite Sousa, que, a partir de determinado momento da entrevista, já tinha dificuldade em esconder o seu (legítimo) desespero com as (não) respostas do seu entrevistado. Foi mau de mais para ser verdade, ainda para mais num PSD que (pese o esforço pouco sincero de PPC) mostrou mais uma vez que está cheio de pressa para provocar eleições antecipadas logo que tal seja constitucionalmente possível, ou seja, depois do Verão.
Mas o que se passou naquela entrevista quer dizer que PPC ainda não tem nenhuma ideia do que quer fazer se, e quando, chegar ao poder? Não vou tão longe! É verdade que PPC tem surpreendido pela falta de consistência política que tem evidenciado aqui e ali. Mas também já se tornou evidente que PPC é o "embrulho" de um projecto político que outros estão a preparar, e que aceitou desempenhar esse papel.
Ou seja, não foi por não ter mensagem para o País que PPC fugiu às perguntas de Judite de Sousa. Ele evitou responder às perguntas porque quer manter escondida a agenda que tem para apresentar. Porque sabe que, se começar já a divulgar as Propostas que lhe estão a preparar para governar, começará a perder a vantagem que as sondagens (sem a prespectiva de eleições à vista, note-se) lhe vão dando...
Aceitarão os Portugueses, em tempos de incerteza como estes que vivemos, propostas de ainda maior liberalização da economia, que preveem nomeadamente (mas não assim tão assumidamente) a saída ou uma drástica diminuição da presença do Estado em áreas tão sensíveis e tão determinantes para a vida das pessoas como a Saúde, a Educação ou a Segurança Social, em que aquilo que se pede ao Estado é sobretudo que seja a garantia para os lucros que os privados já estão a vislumbrar nessas tão apetecíveis e lucrativas "áreas de negócio"?
Tenho a minhas mais fundadas dúvidas! E, pelos vistos, PPC também! Por isso, esconde a agenda! Ou seja, o PSD quer chegar ao Poder omitindo aos Portugueses aquilo que tem para lhes "oferecer"! É a completa perversão da Democracia!
José Esteves
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