sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A actual crise no Egipto: Oxalá eu esteja redondamente enganado!


 
José Esteves
A crise que actualmente se vive no Egipto é, para mim, e nos dias que correm, um dos principais (senão mesmo o maior) factor de preocupação.
Porque me está a parecer que, à boleia de uma suposta luta pela Liberdade e pela democratização do regime, se poderá a estar antes a abrir a porta a ditaduras bem mais duras e radicais do que aquelas que estavam instaladas (veja-se o caso do Irão).
Este é, para mim, o grande perigo desta crise nos países muçulmanos do Norte de África, a qual, pela sua tão sensível localização geopolítica, é especialmente preocupante no Egipto...
Oxalá tudo isto pudesse acabar no triunfo da verdadeira Liberdade e Democracia, não só para o povo egípcio, mas para todo o povo árabe.
Mas, e desculpem-me lá as reservas, estou muito longe de estar tranquilo que é isso que irá acontecer, a avaliar até pelos sinais que todos os dias vemos e lemos sobre esta crise... e também pelas outras tentivas clamorosamente falhadas que todos conhecemos de democratização de países muçulmanos (Iraque, Afeganistão, Paquistão, etc.)... Como eu espero estar redondamente enganado!

José Esteves

6 comentários:

  1. Olá José, parabéns pela tua iniciativa! Eu ja nao posso comunicar com o facebook, nao sei o que aconteceu mais minha conta ja nao existe... :( E aborrezco ter que abrir outra conta e voltar a poner todas a fotos, etc etc. Assim que por enquanto agora só estou activo no twitter (partilhando informaçoes sobre a revolta do Egipto)
    Um grande abraço
    Marc

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  2. Concordo contigo.
    É um problema dificil de resolver en grande medida porqué não temos todos os datos certos para encontrar uma solução.Eu também estou a pensar ao Chá do Irão. Todos os democratas europeios estivemos felizes da sua queda e tínhamos grandes esperanças com a chegada do Aiatolá Khomeini. E pois o futuro demostrou que estávamos enganados.Esperemos que desta vez o povo egípcio vá encontrar o caminho certo da liberdade e a democracia

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  3. É verdade, Pepa! O problema é que o Egipto, para além de ter uma importância muito maior do que a maior parte das pessoas imagina no equilíbrio geopolítico regional e mundial, é "já aqui ao lado". E há ainda o enorme risco de esta crise contagiar os países do sul da Europa e de todos aqueles com maior número de imigrantes de origem muçulmana, em especial os de 2.ª geração, cuja maior predisposição para a revolta e para a adesão aos extremismos mais radicais já temos visto noutras situações.
    E é todo este "caldo de cultura" que torna estes acontecimentos muito, muito preocupantes... Não esquecendo o facto de, se esta crise no Egipto resultar na instalação de um regime integrista igual ao do Irão (e neste momento ainda estamos muito longe de ter garantias de que tal não venha a acontecer), poderemos um dia destes acordar com a realidade de termos Israel (um estado com armas nucleares) "ensanduichado" entre 2 estados integrísticas islâmicos (um deles também nuclear ou muito perto de o ser, o Irão) cujo grande objectivo será (como é reconhecido) o seu extermínio...
    Consegue-se imaginar um cenário mais perigoso nos dias que correm?

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  4. Bom dia José, se calhar vai te interessar este articulo do grande especialista francês sobre questioes de islam e de oriente próximo, Olivier Roy, publicado hoje em El Pais. Un abraçao
    Marc

    http://www.elpais.com/articulo/internacional/han/ido/parar/islamistas/elpepiint/20110205elpepiint_7/Tes

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  5. Sem dúvida, um artigo muito interessante, Marc, mas que parte de uma perpectiva bem mais optimista do que aquela que eu tenho neste momento.
    É que, se é verdade, que o início desta crise foi expontânea, e teve na sua base um desejo mais do que legítimo da instação de regimes democráticos nestes países muçulmanos do Norte de África, a verdade é que me parece estarmos ainda muito longe de termos a garantia que não será (pelo menos no Egipto) o extremismo islâmico a aproveitar esta revolução. A quem tem acompanhado com atenção os acontecimentos não têm escapado as intensas movimentações que a Irmandade Muçulmana (ainda que com promessas de Democracia...) vem fazendo.
    Como já escrevi, quem me dera que tudo isto acabasse com o acaeeso do povo egípcio, e do povo árabe destes países em geral, a regimes livres e democráticos!
    Oxalá seja isto o que aconteça no final. E que os meus receios se revelem infundados!
    Há momentos em que desejamos sinceramente não ter razão.
    Para mim, este é um desses momentos!

    Um abração!

    José Esteves

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